http://www.onu.org.br/leis-sobre-uso-da-forca-pela-policia-exigem-reforma-global-urgente-diz-relator-da-onu/
O relator especial da ONU sobre execuções extrajudiciais,
sumárias ou arbitrárias, Christof Heyns, destacou que as leis que regulam o uso
da força pela polícia, especialmente a força letal, precisam ser urgentemente
submetidas a uma reforma global. Essa é uma das conclusões incluídas no
relatório apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, nesta sexta-feira
(13).
“Examinei as leis de 146 países e muitas não cumprem as
normas internacionais”, disse o especialista que, durante a ocasião, pediu à
ONU e aos governos de todo o mundo para, juntos, lançarem uma campanha para
alinhar as leis de Estado conforme as normas internacionais.
Heyns observou que, em alguns casos, “as discrepâncias são
evidentes”, destacando que “as leis em questão muitas vezes vêm da era
pré-direitos humanos e, em alguns casos, as medidas foram adotadas há mais de
cem anos”.
“A polícia tem permissão para usar força letal intencional
só quando for necessário para proteger a vida contra uma ameaça imediata, e
apenas como último recurso”, disse ele. “No entanto, em muitos casos, as leis
exigem apenas que a polícia avise antes do disparo, ou instruem que os agentes
atirem nas pernas. Isto não é o suficiente”, ressaltou.
O apelo do especialista para uma reforma mundial das leis
sobre o uso da força pela polícia é particularmente relevante para o mundo
contemporâneo, onde as pessoas estão tomando as ruas de muitos países para se
expressar através de manifestações públicas – o que, na maioria dos casos, gera
confrontos com a polícia.
No entanto, Heyns deixa claro que a alteração das leis, por
si só, não resolve o problema, mas é um componente importante para encontrar
uma solução. “Muitos países percebem que precisam mudar suas leis, e eu vou
ajudar na obtenção de assistência técnica.”
Uso de drones e sistemas de armas autônomas preocupa
O relator especial também abordou a questão dos drones
armados e os padrões mínimos propostos a serem cumpridos pelos países ao usar
essa tecnologia. Também encorajou o Conselho a continuar discutindo sobre a
crescente utilização de sistemas de armas autônomas, informalmente chamadas de
“robôs assassinos”.
“A comunidade internacional não pode ignorar o fato de que
essas tecnologias não vão desaparecer, pelo contrário, certamente o seu uso
aumentará”, disse ele, ressaltando que esses novos sistemas de armas
representam riscos reais e de longo alcance para os padrões de direitos
humanos.
As leis utilizadas para o estudo estão acessíveis em
www.use-of-force.info
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